terça-feira, 24 de novembro de 2015

Cala a boca cachorrinho!



Há seis meses comecei a dar aulas de música em uma escola de Educação Infantil.
Pensando num plano de ensino adequado para crianças de um a seis anos, resolvi ensinar, além de músicas inéditas, as cantigas de roda e canções folclóricas. Minha intenção foi, obviamente, resgatar as brincadeiras infantis, para que sua memória perdurasse entre os pequeninos.
Para os maiores, introduzi alguns rítmos, começando com o samba. Eles aprenderam "Mais que nada" de Jorge Ben Jor e  "Samba da minha terra" de Dorival Caymmi.
Mas para minha surpresa, um dia, em que estava cantando a música: "Cachorrinho está latindo lá no fundo do quintal. Cala a boca cachorrinho...", fui duramente repreendida pela professora que disse:
- Essa música não pode cantar não!
-Por que? perguntei.
- Porque não pode falar "cala a boca".
Eu tentei argumentar que essa era uma canção antiga, sem maldade. Mas acho que ela não entendeu(pretensão a minha que ela entendesse).
Cantar "Samba Lele", nem pensar, já que ele merece umas "boas palmadas". E "Obá, Obá, Obá", da música, "Mais que nada", é um "Homem do mal", segundo o pai de um dos alunos.
O Lobo Mau virou bom e a vovó não foi comida por ele não!

Entre as músicas de Natal, aquela que diz: " seja rico, seja pobre o Papai Noel sempre vem..." pode cantar, pois nada mais normal, né? Afinal, uma mentirinha dessas, o que é que tem? É politicamente correta!
A Borboletinha pode estar na cozinha fazendo chocolate para a madrinha, com olho de vidro e nariz de pica-pau. Não existe preconceito.
Fiquei imaginando essas crianças dançando funk ostentação ou com apelo sexual. Ou assistindo novelas que distorcem alguns valores. Tudo bem!
Também, não vou ficar explicando o que é folclore para as professoras.
Valores trocados,
Memórias distorcidas.
Profissionais despreparados.
Folclore. Politicamente Incorreto?
Cala a boca Rosana!

domingo, 8 de novembro de 2015

Pudim de Pão



Pudim de Pão é uma receita bem antiga. Mas se tornou uma das mais tradicionais em vários países do mundo. Minha avó fazia pudim de pão, minha mãe faz pudim de pão. No século XIX foi uma das sobremesas mais populares da Inglaterra e França. Claro que a receita foi se modificando e esta que apresento hoje tem a minha interpretação.
O Pudim de Pão chegou no Brasil com a Família Real Portuguesa, em 1808. Nessa época, o Rio de Janeiro era uma pequena cidade onde o almoço era servido às 7 horas, o jantar ao meio-dia e a ceia às 18 horas.
Claro que com a vinda da Família Real, alguns hábitos se modificaram. D.João VI liberou os portos brasileiros e um grande número de produtos importados foram introduzidos na colônia.
D. João VI era um rei comilão e é famoso por adorar frangos. Cortava os frangos com as mãos e sua refeição preferida acompanhava pão torrado.. As más línguas diziam que cheirava galinha assada o dia todo.
Aí vai a receita do Pudim de pão. O meu ficou uma delícia!




Ingredientes: 500g de pão, 150 ml de leite, 100 ml de creme de leite
                    250 g de açúcar, raspa de casca de limão siciliano, canela em pó
                     4 ovos, 150 g de manteiga derretida, 150 g de uvas-passas.
Modo de preparo:Corte o pão amanhecido em pedaços e deixe de molho em um pouco de leite.
                            : Numa panela, esquente o leite e o creme de leite. Quando estiver fervendo,
                               coloque o pão escorrido, junte o açúcar, a canela e as raspas de limão.
                            : Acrescente as gemas de ovos  à massa do pudim; bata a clara em neve 
                               e misture na massa também delicadamente.
                            : Coloque a manteiga derretida, as uvas-passas e coloque a massa numa 
                               forma untada de pudim.;
                            : Asse em forno moderado (160°C) por uma hora.






                              
  

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Redes Sociais




"Pavorosamente, de repente, se me impôs a certeza de que aquele homem não era eu, jamais fora eu. Tive uma súbita revelação de estar sempre ausente da vida daquele homem, e não só, mas realmente ausente de toda e qualquer vida. Eu nunca vivera; não estivera nunca dentro da vida, quero dizer, de uma vida que pudesse reconhecer como minha, desejada por mim e sentida como minha. Até meu próprio corpo, a minha figura, como naquele momento de chofre me parecia, assim vestida, assim organizada, me pareceu estranha a mim; como se outro me tivesse imposto e ajustado naquela figura para me obrigar a movimentar dentro de uma vida não minha, para me obrigar a cumprir aquela vida da qual eu estivera sempre ausente, só feita de ações exteriores, nas quais agora de repente, inesperadamente, o meu espírito se dava conta de não se ter nunca encontrado, nunca, nunca! Quem fizera assim aquele homem que me representava? Quem o tinha querido assim? Quem o vestia e quem o calçava? Quem o fazia mover e falar assim? Quem havia lhe imposto aqueles deveres?"
(O Carrinho de Mão-Luigi Pirandelo)

Luigi Pirandello nasceu em Agrigento(1867) e morreu em Roma (1936). Suas redes sociais eram outras, pois viveu a Era da Segunda Revolução Industrial e o início da Terceira. Mas lendo um livro de contos desse autor, que tanto admiro, não pude deixar de comparar esse pequeno episódio com o que atualmente nos deparamos todos os dias. A questão é: como o Capitalismo nos molda conforme seus interesses, destrói  o Homem verdadeiro, faz propaganda de um eu que não existe; um eu que insiste em ser o que não é para agradar a não sei quem e quantos; não sei quem, que não se reconhece nem ele próprio.
Difícil tempo o de Luigi Pirandello!
Luigi Pirandello. Dramaturgo, Literário, Pensador!

domingo, 16 de agosto de 2015

Classe Média Brasileira é outra História

 
 
 
A Classe Média sempre se beneficiou dos modelos econômicos, dos projetos urbanos, com facilidades de adquirir sua casa própria e outras coisas mais. Formou-se, então, uma classe média apegada ao consumo e sem compreender o papel da cidadania e, muito menos se preocupar com ele. Não formou sua ideologia baseada no exercício democrático. Talvez, por isso, sempre se mostrou cúmplice de governos totalitários. Assim, acostumada a esperar soluções para seus problemas, assustada com os novos valores que se instalam nas novas ideologias, ela se perde em passeatas disformes, sem convicção, sem informação histórica e sem memória. A foto acima mostra o apoio da clásse média a favor de uma interveção política, na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 1964. Conclusão da foto acima? Golpe Militar em Março de 1964. Triste, não é?
 

domingo, 9 de agosto de 2015

Oeufs Benedict

 
 
Faz pouco tempo que descobri o prazer de cozinhar. Comecei a procurar receitas e fazer experiências gastronômicas, usando minha família como cobaia, claro. Mas a paixão foi assumindo um gosto pela pesquisa histórica da culinária, com a curiosidade de conhecer um pouco sobre as culturas passadas, através  da comida. Tenho lido um pouco sobre o assunto e estou me divertindo tentando adaptar algumas receitas para os dias atuais. O que nem sempre é fácil. Hoje fiz os Oeufs Benedict (Ovos Benedict) cuja origem não está na França mas em Nova York.
No ano de 1894, madame LeGrand Benedict entrou no restaurante Delmonico's e recusou tudo o que havia no cardápio. Queria, na verdade, comer ovos. O chef Charles Ranhofer, então elaborou o famoso prato que é servido com molho holandês(1895). Na receita original, ele é feito com muffins, presunto cozido e ovo poché (A História da Culinária de Willian Sitwell).
A receita que fiz, aprendi no curso de Cardápio Francês que fiz no Senac. Aí vai:

Ingredientes: 5 ovos, 150 g de lombinho defumado (fatiado), 5 fatias sem casca de pão de forma.
Modo de preparo: Doure as fatias de pão numa sautese (frigideira também serve) e disponha sobre elas fatias de lombinho defumado.
- Em uma panela com água fervente e um pouco de vinagre com sal, cozinhe os ovos por aproximadamente 3 minutos.
- Retire os ovos com uma escumadeira e disponha cada um sobre a fatia de pão com lombinho defumado, espalhe o molho holandês e sirva.




Molho Holandês:
- Ingredientes: suco de 1 limão; 200g de manteiga, 5g de amido de milho; 4 gemas e pimenta do reino.
- Modo de preparo: Dissolva o amido em 100ml de água.
                              : Junte as gemas, o suco de limão, a pimenta do reino.
                              :Leve ao fogo baixo até engrossar, batendo com um
                                fouet.
                              : Acrescente a manteiga aos poucos até obter um mo-
                                lho encorpado.




Acreditem. Fica uma delícia. Geralmente, sirvo como entrada num jantar. Mas pode ser servido num brunch. Chique!
Bom Apetite!


domingo, 26 de julho de 2015

Mulheres Feiticeiras






Pois é! Estou lendo.
Já havia lido partes dele, mas não todo.
Escrito em 1487 pelos inquisidores Henrich Kramer e James Sprenger, é considerado o maior tratado sobre como reconhecer e punir a bruxaria no final do século XV. Além de nos remeter à forma de pensar da Igreja Católica  em relação às mulheres: "Quando uma mulher chora, está urdindo uma cilada".
No prefácio do médico psiquiátrico e analista, Carlos Amadeu B. Byington, há uma análise interessante da psicopatologia coletiva, onde ele faz um paralelo entre a Inquisição e o Nazismo para "ilustrar a psicose paranoide cultural."
É, no mínimo, uma leitura interessante para qualquer pessoa que curta esse assunto. E para quem não curte, uma maneira de conhecer um pouco mais da História do pensamento humano.
Boa leitura!

terça-feira, 21 de julho de 2015

Boas vindas



Oi gente!

Este Blog não tem a intenção de ser científico.
É apenas uma maneira de compartilhar minha relação de amor com o estudo de História.
O objetivo é citar, comentar e discutir a cultura, a culinária e a arte através do processo de evolução da humanidade.
Experiências agradáveis e curiosas que tive e tenho quando leio um livro, preparo um prato medieval ou vou a uma exposição.`
Portanto, espero ativar a curiosidade de todos e, claro, trocar ideias que serão bem vindas.
Vamos lá!