Há seis meses comecei a dar aulas de música em uma escola de Educação Infantil.
Pensando num plano de ensino adequado para crianças de um a seis anos, resolvi ensinar, além de músicas inéditas, as cantigas de roda e canções folclóricas. Minha intenção foi, obviamente, resgatar as brincadeiras infantis, para que sua memória perdurasse entre os pequeninos.
Para os maiores, introduzi alguns rítmos, começando com o samba. Eles aprenderam "Mais que nada" de Jorge Ben Jor e "Samba da minha terra" de Dorival Caymmi.
Mas para minha surpresa, um dia, em que estava cantando a música: "Cachorrinho está latindo lá no fundo do quintal. Cala a boca cachorrinho...", fui duramente repreendida pela professora que disse:
- Essa música não pode cantar não!
-Por que? perguntei.
- Porque não pode falar "cala a boca".
Eu tentei argumentar que essa era uma canção antiga, sem maldade. Mas acho que ela não entendeu(pretensão a minha que ela entendesse).
Cantar "Samba Lele", nem pensar, já que ele merece umas "boas palmadas". E "Obá, Obá, Obá", da música, "Mais que nada", é um "Homem do mal", segundo o pai de um dos alunos.
O Lobo Mau virou bom e a vovó não foi comida por ele não!
Entre as músicas de Natal, aquela que diz: " seja rico, seja pobre o Papai Noel sempre vem..." pode cantar, pois nada mais normal, né? Afinal, uma mentirinha dessas, o que é que tem? É politicamente correta!
A Borboletinha pode estar na cozinha fazendo chocolate para a madrinha, com olho de vidro e nariz de pica-pau. Não existe preconceito.
Fiquei imaginando essas crianças dançando funk ostentação ou com apelo sexual. Ou assistindo novelas que distorcem alguns valores. Tudo bem!
Também, não vou ficar explicando o que é folclore para as professoras.
Valores trocados,
Memórias distorcidas.
Profissionais despreparados.
Folclore. Politicamente Incorreto?
Cala a boca Rosana!
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